Setembro Verde: campanha chama atenção para os quase 3 mil gaúchos que aguardam um órgão

Passado um ano e oito meses da cirurgia, Hélio vive uma vida tranquila ao lado dos familiaresFoto: Vinicius Becker (Diário)

A ligação que mudou a vida de Hélio Beck veio numa noite de janeiro de 2024: havia um pulmão à sua espera. Hoje, ao recordar que aquele telefonema foi “a chance da nova vida”, ele reforça a importância da doação de órgãos, tema do Setembro Verde, campanha de conscientização e incentivo à doação.

+ Receba as principais notícias de Santa Maria e região no seu WhatsApp

Ao longo deste mês, a campanha busca reforçar que a doação de órgãos não começa no centro cirúrgico, mas dentro de casa, na conversa com os familiares. No Rio Grande do Sul, segundo dados da Secretaria da Saúde, 2.938 pessoas aguardam por um transplante, mas o medo, os mitos e a desinformação ainda levam muitos responsáveis a negar o consentimento. No Brasil, em 2024, das 8.915 entrevistas realizadas, cerca de 46% não autorizaram a doação.

Nesta reportagem, vamos mostrar como funciona o processo de captação de órgãos em Santa Maria, apontar as principais barreiras que ainda dificultam a doação e dar voz à esperança de quem luta pela causa. Também traremos a história de quem já recebeu a chance de recomeçar após um transplante e de quem ainda aguarda, com expectativa, por uma nova oportunidade de vida.

Novo fôlego

Foto: Vinicius Becker (Diário)


Em 2020, Hélio Beck, 61 anos, começou a perceber sintomas que não conseguia explicar, como cansaço intenso e falta de fôlego. Trabalhar exigia pausas longas, e atividades simples, como jogar futebol ou apenas atravessar a piscina durante uma viagem a Capão da Canoa com a esposa, tornaram-se impossíveis. Foi nesse momento que ele percebeu que algo sério estava acontecendo e decidiu buscar ajuda médica.

Após uma primeira avaliação com um cardiologista, que o encaminhou para Porto Alegre, Hélio descobriu que seus exames cardíacos estavam normais. De volta a Santa Maria, um novo cardiologista solicitou um raio-X de pulmão. A partir daí, tudo mudou. Hélio descobriu que tinha apenas 30% da capacidade pulmonar. O diagnóstico foi fibrose pulmonar idiopática, uma doença progressiva que causa a cicatrização e o endurecimento do tecido pulmonar, dificultando a respiração. A partir daí, ele iniciou tratamento com um medicamento que retarda a evolução da doença. Durante as consultas, sua esposa recebeu a notícia de que a expectativa de vida de Hélio era de apenas cinco anos, considerando que ele já tinha dois anos de doença. 

A possibilidade de transplante foi, então, apresentada, mas exigia mudança para Porto Alegre. Isso porque a sobrevida de alguns órgãos, como o pulmão, é muito curta — em média, duas horas. O paciente precisa estar próximo ao hospital para chegar a tempo quando surgir a compatibilidade, além de realizar uma série de exames que confirmem se está apto a receber o órgão. Qualquer intercorrência, como uma gripe, pode inviabilizar o procedimento, e por isso estar na Capital aumenta significativamente as chances de sucesso no transplante.

O processo pelo Sistema Único de Saúde (SUS) passou por diferentes etapas: encaminhamento pelos postos de saúde, avaliação da prefeitura e envio ao Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), que por sua vez encaminhou para a Santa Casa. Lá, Hélio recebeu orientações rigorosas, incluindo perder 20 kg em 30 dias para poder entrar na lista de espera. Com apoio da família e amigos, ele cumpriu o prazo, consultou nutricionista e fisioterapeuta, e no dia 15 de maio de 2023 finalmente pôde se mudar para Porto Alegre, acompanhado da esposa, onde alugaram um apartamento para o período do transplante.

Festa surpresa de 60 anos organizado pela família e amigos em Porto Alegre, quatro meses antes do transplanteFoto: Arquivo pessoal

Hélio, que vivia ligado ao cilindro de oxigênio, sentia cada vez mais o peso da doença e da limitação física.

— No dia 17 de janeiro, eu sentei na cama e pedi a Deus que se fosse para ficar daquele jeito, que ele me levasse. Eu já tinha cumprido a minha meta, criei as duas filhas e já estava com netinha, e minha outra filha estava esperando outra neta. Na verdade, eu tinha outra meta, que era dançar a valsa de 15 anos com a minhas netas, mas ali eu estava desesperado e foi esse o meu pedido. Naquela noite, dormi tranquilo — relembra.

Sessões de fisioterapia e passeio na orla de Porto Alegre antes do transplanteFoto: Arquivo pessoal

Mal sabia ele que estava há poucas horas de receber a ligação que esperou por mais de oito meses. No dia 18 de janeiro, o telefone tocou:

— Às 18h30min, eu e a minha esposa estávamos assistindo televisão e tocou o telefone residencial. Lá, a gente só tinha ele pela internet, nunca tinha tocado. Minha esposa se assustou e pediu que eu atendesse. No telefone, meu médico disse: "Hélio, tem um pulmão aqui pra ti. Você quer?". E eu respondi: "eu estou vivendo por isso." Só de lembrar, eu me arrepio. Foi indescritível ouvir a voz do doutor me chamando para ter uma nova vida — conta.

Hélio relembra a chegada à Santa Casa como um momento marcante. Ele conta que a internação começou com a travessia de um dos túneis que ligam os prédios do hospital, lembrando a luz ao final do corredor, registrada em uma foto que considera emblemática de sua vida, tirada por sua esposa Camila. Para ele, a imagem simboliza esperança: “Sempre tem uma luz no final do túnel”, escreveu, ao publicar o registro nas redes sociais.

"A luz no fim do túnel"Foto: Arquivo pessoal


A cirurgia durou seis horas e meia. Tanto o procedimento quanto a recuperação foram bem sucedidos.

O pulmão que salvou Hélio veio de um jovem de 31 anos de Santa Catarina e só foi possível graças à família que autorizou a doação, a quem Hélio se diz eternamente grato.

A diferença na qualidade de vida, segundo ele, é gigante:

— Fazia muito tempo que eu era doente, eu tinha pouco fôlego. Não tem como dimensionar a diferença na minha vida. Sem o transplante, eu não teria condições de caminhar, jogar futebol, ir na academia. Hoje, é tudo totalmente diferente. Eu sempre pego a referência do futebol, porque eu sempre joguei. Em 2022, eu percebia que eu sentia falta de ar quando corria. E agora, recentemente, andei dando uma "brincadinha" e deu muita diferença. Ah, agora eu estou com um pulmão de 31 anos — brinca.

O pulmão que Hélio recebeu veio de Santa CatarinaFoto: Arquivo pessoal


Hélio, que sempre foi doador de sangue e órgãos, vê no seu transplante a chance de incentivar outras pessoas a também se tornarem doadoras e acredita que, no fim, a doação de órgãos representa uma das maiores demonstrações de amor e solidariedade. 

— A doação de órgãos é a saída. Ninguém sabe quem vai precisar amanhã. Se você ainda não se decidiu, pense bem. Pode ser um parente, um amigo, qualquer um de nós. E é muito simples, é só comunicar a família – reforça.


— Eu estou muito feliz, graças a Deus. Estou bem e quero viver muito mais ainda — diz.Foto: Vinicius Becker (Diário)


A vida de quem luta pela causa

Susani é representante da Associação Nacional de Pré e Pós-Transplantados em Santa MariaFoto: Vinicius Becker (Diário)

Susani Vogt, 42 anos, é voluntária e coordena a Associação Nacional de Pré e Pós-Transplantados em Santa Maria, criada em 2023, pouco depois de seu filho Samuel, o Samuca, ser diagnosticado com hipertensão arterial pulmonar, uma doença rara e sem cura caracterizada por pressão arterial elevada nas artérias pulmonares, o que sobrecarrega o ventrículo direito do coração. Aqui na cidade, o grupo reúne cerca de 15 pessoas, entre pacientes e familiares, que participam ativamente das ações promovidas pela entidade.

Ela conta que a descoberta aconteceu quando Samuca começou a desmaiar e apresentar episódios de cianose, em julho de 2023. Após avaliações iniciais no posto de saúde e pronto atendimento, exames confirmaram a gravidade da hipertensão pulmonar, e ele foi imediatamente encaminhado para acompanhamento em Porto Alegre, com indicação de transplante pulmonar como possível solução futura.

Diagnóstico do SamucaFoto: Vinicius Becker (Diário)


Ao perceber a complexidade do transplante de pulmão e a falta de informações sobre o processo, Susani começou a estudar o assunto e se aproximou de pessoas que já haviam passado pelo procedimento, incluindo Hélio Becker. 

Hélio e Samuca viraram amigosFoto: Arquivo pessoal


No dia a dia, Samuca enfrenta limitações impostas pela doença: fadiga extrema, necessidade de repouso prolongado e cuidados redobrados com vírus e gripes, especialmente no inverno. Apesar disso, ele participa de algumas ações da associação, como caminhadas e eventos de conscientização. Atualmente, ele está inscrito na lista de transplantes, mas encontra-se na condição de inativo. Isso porque, embora aguarde por um órgão, responde bem ao tratamento que realiza no momento e, por essa razão, não será chamado para o procedimento agora.

 Isso não impede que ela continue ativa na associação, que realiza atividades na cidade, como panfletagem, caminhadas e participação em eventos públicos, sempre com apoio mínimo de parceiros locais, como gráficas e estabelecimentos comerciais. Segundo ela, o apoio da Secretaria de Saúde seria fundamental para tornar as ações ainda mais presentes no dia a dia santa-mariense.

— Quando o Samuel entrou em lista, eu já era doadora de órgãos, mas eu não sabia a proporção da campanha. Também não sabia que a gente precisaria conscientizar as pessoas. Veio ao meu conhecimento pessoas que estão em lista de transplante esperando há 7, 10 anos. Mas também conheci histórias de pessoas assim que renasceram, como o Hélio. Então, eu digo: por que não trabalhar conscientizando? Não vou começar a trabalhar só quando o Samuel voltar ativamente para a lista — explica.

Para ela, a informação é a chave, e a conscientização sobre a doação de órgãos é ainda insuficiente. Além disso, ela reforça que, mesmo sendo doador registrado, a autorização final é sempre da família, e a negativa familiar ainda é um grande obstáculo, chegando a 45% dos casos no Rio Grande do Sul. 

— Isso tem que ser conversado. Hoje em dia, a família tem muito medo. Vemos na internet comentários de pessoas falando sobre compra e venda de órgãos, e nós, no meio da luta da conscientização, percebemos que a falta de informação é o ponto crucial para a família dizer não. Tudo é feito com muito cuidado, tem uma equipe especializada que vem conversar com a família, eles dão acolhimento. Há histórias de famílias que disseram o sim, e que o luto se transformou. A doação ressignificou o luto dessas famílias. É um assunto assim que precisa ser abordado — explica.

Susani e SamucaFoto: Vinicius Becker (Diário)

Em casa, Susani conta que a doença não define o filho. Com muito amor, ela administra os cuidados com a rotina, incluindo momentos de lazer dentro de suas limitações.


— Ele gosta de correr, andar de bicicleta, coisas que ele tem limitação.  Depois de tantos pedidos, o médico liberou uma volta na bicicleta no pátio. Mas é uma volta. Então, ele vem até aqui, vai e guarda a bicicleta dele, aí ele olha, vê que a saturação dele está boa, que ele não cansou muito, espera um pouquinho e dá mais outra volta. Ele também adora participar das ações da associação. Em setembro do ano passado, fizemos uma caminhada, e ele não queria vir embora. A associação, para ele, também tem algum significado muito maior do que a gente pensa.

Mesmo com as limitações da doença, Samuca celebra pequenas conquistas, como as voltas de bicicleta no pátio de casaFoto: Vinicius Becker (Diário)


Falante e muito bem humorado, Samuca mantém interesses típicos de sua idade, como correr, andar de bicicleta e, claro, torcer pelo Grêmio. Ele recebeu a reportagem vestindo uma blusa do Sonic, personagem veloz que traduz exatamente o sonho dele para o futuro após o transplante.

— Eu ainda não posso correr nem andar de bicicleta muito rápido. Era o meu sonho andar uns 800 km por hora — brinca.

Sobre a importância da doação, ele é direto: 

— Você pode doar órgãos. Vai ajudar as pessoas a ter um pulmão novo. O Amor Vive. Diga sim à doação de órgãos  – disse, reforçando o nome da campanha criada pelo governo do Rio Grande do Sul lançada em 2023 para incentivar a doação de órgãos e tecidos.

Foto: Vinicius Becker (Diário)


Como funciona o processo de doação

O Husm fica no campus da UFSM, em CamobiFoto: Vinicius Becker (Diário)


Em Santa Maria, os transplantes de córneas, medula óssea e rins ocorrem no Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), Hospital Unimed Santa Maria, Hospital São Francisco de Assis Associação Franciscana de Assistência à Saúde. No Husm, além do procedimento, também é feita a captação dos órgãos. Em 2024, foram abertos 30 protocolos de doação, com 14 famílias autorizando a doação e oito recusando. Naquele ano, foram feitas 12 captações que totalizaram 50 órgãos: 24 rins, sete fígados, seis pulmões, 12 córneas, um coração e um pâncreas. 

Já em 2025, até a primeira semana de setembro, foram abertos 10 protocolos, com três famílias autorizando e duas recusando, resultando na captação de 12 órgãos, sendo seis rins, três fígados, dois pulmões e um coração.

Lá, a equipe da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos (CIHDOTT) é responsável por coordenar, conduzir e dar suporte aos processos de doação de órgãos e tecidos para transplante, garantindo que todas as etapas sejam realizadas com eficiência, transparência e rigor ético. A equipe, coordenada por Luciana Segalla, é composta por seis enfermeiros e a fisioterapeuta Janice Cristina Soares, que também é chefe da Unidade de Terapia Intensiva Adulto e Coronariana do Husm.

Segundo Janice o  trabalho consiste em conduzir todo o processo quando surge um potencial doador, ou seja, uma pessoa em situação clínica que pode evoluir para morte encefálica. Nesses casos, a comissão participa do acolhimento da família, orienta residentes e acadêmicos, por ser um hospital-escola, e acompanha até a chegada da equipe de Porto Alegre, responsável pela captação.

Ela ressaltou que o processo começa quando a equipe assistente suspeita de morte encefálica, identificada por sinais clínicos e reflexos neurológicos. A partir daí, a família é comunicada e iniciam-se testes clínicos e exames de imagem para confirmar o diagnóstico. Só depois dessa confirmação o óbito é declarado e a família é convidada a decidir sobre a doação.

Janice atua como fisioterapeuta da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos Foto: Vinicius Becker (Diário)

— A família do potencial doador é informada sobre esses processos o tempo todo, até o momento que realmente é feito o diagnóstico de morte. Quando é feito esse diagnóstico, os familiares são chamados pela equipe assistente e comunicado o óbito. E, nesse momento, nós entramos de uma forma mais presencial, conversando com a família, acolhendo o familiar e oferecendo essa possibilidade, esclarecendo as dúvidas, mostrando que o nosso hospital pode proporcionar isso desde que a família concorde — explica.

Janice esclarece que não há documento algum que possa autorizar a doação: a decisão cabe exclusivamente à família. Uma procuração, por exemplo, pode servir apenas como manifestação de vontade, mas não garante a doação. Segundo ela, entre as principais dificuldades enfrentadas, está o elevado índice de recusas familiares, que chega a cerca de 48%.

 Na maioria das vezes, o motivo é que o doador nunca havia falado sobre o assunto, e diante da dúvida, a família opta por negar. 

— Muitas pessoas falam: "mas eu não sei se ele queria doar, ele nunca falou". Isso acontece porque ninguém gosta de falar sobre morte, tristezas. E essa falta de conversa faz com que muitas famílias acabem dizendo não. Esse é um dos maiores motivos. Por isso, a importância do Setembro Verde, das conscientizações já nas escolas, que as pessoas já cresçam com essa cultura de falar sobre isso e se manifestar se são a favor ou não para as famílias saberem — diz Janice.

Outras justificativas menos comuns são o receio pela demora na liberação do corpo, já que o processo pode levar até 24 horas. Mas, segundo ela, o hospital sempre mantém transparência e informa cada etapa aos familiares.

Os órgãos captados aqui são enviados diretamente para Porto Alegre, onde há uma lista única estadual que, por meio de algoritmos e critérios clínicos, define o receptor mais compatível. 


Para quem diz sim, a doação pode ressignificar o luto

Ela também comentou sobre o impacto da decisão das famílias. Muitas chegam já decididas a doar, outras precisam de mais tempo para conversar. O acolhimento é fundamental, e os familiares que aceitam relatam sentir um alento em meio à dor

– Faz muito tempo que trabalhamos com essas famílias, e nós percebemos que depois que eles decidem doar, eles sentem um alento em meio a esse momento muito doloroso. Geralmente, a família fica muito ansiosa pelo coração, que é um símbolo de vida. Então, é um conforto depois dessa decisão, tanto que eles ficam até preocupados com o andamento do processo – relata.


Trabalho aéreo

Foto: Vinicius Becker (Diário)


O Aeroporto de Santa Maria funciona 24 horas e mantém estrutura preparada para receber operações de transporte de órgãos. Nos últimos 12 meses, foram realizados 18 atendimentos desse tipo, e somente em 2025, já ocorreram nove operações. Essas missões são feitas por aeronaves da empresa UniAir ou da Brigada Militar.

Grande parte dos voos ocorre durante a madrugada e só é viabilizada por meio de um acordo operacional entre o aeroporto e a Base Aérea de Santa Maria. Como se trata de um procedimento de urgência, o transporte de órgãos recebe prioridade total nas operações, sendo acionado cerca de duas horas antes do pouso.

Aleques Machado Martins, superintendente do Aeroporto, explica que o contato com os profissionais é feito por uma central de transplante que coordena toda a operação, incluindo transporte terrestre e áreas específicas para que os médicos possam realizar a captação. A equipe acompanha de perto todos os passos, desde a decolagem até a chegada, garantindo que os órgãos sejam rapidamente encaminhados aos pacientes, respeitando todos os protocolos de urgência e segurança.

O superintendente participa ativamente do processo de transporteFoto: Vinicius Becker (Diário)


Durante o procedimento, o local é controlado, com restrições de acesso e acompanhamento tecnológico, assegurando a confidencialidade e o cuidado necessário para o sucesso do transplante. A logística envolve ambulâncias ou veículos contratados pelo hospital para transportar a equipe, dependendo da situação.


Foto: Vinicius Becker (Diário)


O cirurgião pediátrico e captador de órgãos Gustavo Pilege Castro, chefe da Comissão de Transplante de Passo Fundo, veio de avião a Santa Maria na sexta-feira (19) acompanhado de mais três médicos e dois enfermeiros para realizar a captação de órgãos de um paciente de 64 anos internado no Hospital Regional. A equipe tem a rotina de atender demandas semanais, captando órgãos e tecidos para transplantes em diferentes regiões.

Equipe chegou em Santa Maria na sextaFoto: Vinicius Becker (Diário)


No caso específico em Santa Maria, todos os órgãos seriam destinados a pacientes que aguardam transplante, sendo que os rins seguiriam para Porto Alegre. Inicialmente, o fígado e outros órgãos estavam previstos para o Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), de Passo Fundo, mas exames do receptor indicaram infecção, impossibilitando o transplante. Após novas consultas ao sistema, o fígado será doado a um paciente do Rio de Janeiro (RJ). Até o fechamento da reportagem, a equipe aguardava a confirmação de qual paciente receberia os demais órgãos.

Pilege reforçou a importância da conscientização sobre a doação de órgãos, destacando que a decisão deve ser manifestada em vida e comunicada à família. 

Foto: Vinicius Becker (Diário)



📊 Situação até 9 de agosto de 2025 no Estado

Lista de espera:

  • Rim: 1.496
  • Fígado: 177
  • Coração: 15
  • Pulmão: 85
  • Córnea: 1.165


📊 Dados de 2024 no Estado

  • Potencial doador: 780
  • Doador elegível: 673
  • Doador efetivo: 239
  • Doador com órgãos transplantados: 194
  • Entrevistas familiares realizadas: 503

Causas da não efetivação em 2024

  • Negativa familiar: 234
  • Parada Cardiorrespiratória (PCR): 8
  • Contradição médica (CIM): 134 (significa que, mesmo havendo um possível doador, alguma condição clínica como infecção grave, câncer ou outra situação impede a utilização dos órgãos)
  • Diagnóstico de morte encefálica não confirmado: 125
  • Outros: 22

Transplantes realizados em 2024:

  • Coração: 26
  • Pulmão: 35
  • Fígado: 134
  • Rim: 557
  • Córnea: 882
  • Osso: 297
  • Pele: 34
  • TMO (Transplante de Medula Óssea): 291

Totais:

  • Órgãos sólidos: 752
  • Tecidos: 1.504


Cenário nacional

O Brasil alcançou, em 2024, o maior número de transplantes de órgãos e tecidos da história: foram mais de 30 mil procedimentos. O recorde anterior é de 2023, com 28.700 transplantes.

Já o número de doadores efetivos reduziu de 4.129, em 2023, para 4.086, no ano passado, segundo o Ministério da Saúde.

O Sistema Único de Saúde (SUS) é responsável por financiar mais de 85% dos transplantes realizados no país, além de fornecer integralmente os medicamentos imunossupressores, necessários por toda a vida dos pacientes transplantados.

O Ministério da Saúde possui parceria com companhias aéreas e convênio com a Força Aérea Brasileira (FAB) para transporte gratuito de órgãos e tecidos para transplante e tratamentos. Em 2024, foram 4.767 voos comerciais e 234 da FAB.

De acordo com o último levantamento divulgado em julho deste ano, 78 mil pessoas aguardam doação de órgãos no país. As maiores demandas são por rim, córnea e fígado.




Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

UBS Kennedy terá alteração no horário de atendimento nesta terça-feira Anterior

UBS Kennedy terá alteração no horário de atendimento nesta terça-feira

Diretriz brasileira passa a considerar 12 por 8 como pré-hipertensão Próximo

Diretriz brasileira passa a considerar 12 por 8 como pré-hipertensão

Saúde